Somos loucos, e daí?

Desde que lançado, este jornal provocou diversas reações nas oito cidades onde circula. Reações que eram esperadas, diga-se de passagem, uma vez que incomodou, em suas edições, muita gente que não estava acostumada a questionamentos, que ainda vive na era dos feudos.
Recebemos também muitos elogios pela postura de coragem em tocar em assuntos considerados intocáveis até então. A mais pitoresca (seria trágica, não fosse cômica) reação veio de um político, que afirmou sermos todos loucos. Todos, sem exceção. Disse isso depois que expusemos algumas coisas que se mantinham escondidas.
Continuaremos sendo loucos. Loucos para mostrar ao público o que muita gente anda fazendo às escondidas. Pessoas públicas têm a obrigação de dar satisfação de seus atos, e a partir do momento que se envolvem com coisas públicas, somos nós seus patrões. Nós que os escolhemos para dirigir uma cidade, ou nos representar onde quer que seja. Por conseguinte, temos o direito de saber o que se passa.
Nunca expusemos a vida pessoal de ninguém. Isso não interessa nem a nós nem ao público. Se alguém tem amante, engana a mulher, problema desse alguém. Mas se esse alguém nos engana, temos a obrigação de mostrar. E isso temos feito.
Gente acostumada a mandar, a não ser incomodada, a ser tratada como celebridade imune a críticas, precisa aprender que os tempos mudaram. Que o Direito tem novos conceitos. Que a informação hoje viaja com a mesma rapidez do pensamento. Que muita tente tem acesso à informação – se bem que ainda exista muita gente alienada, incapaz de entender o que é uma promessa ou coisa parecida.
Até lá, esses loucos continuarão com sua suposta insanidade. Continuarão não obedecendo às normas que alguns querem impor à força, mediante intimidações e recados mal dados por seus jagunços. O público tem direito de saber o que os homens públicos estão fazendo, e até o que já fizeram. O nome que lhes é dado traduz tudo: públicos, nao privados.
E, a título de adiantamento, esses loucos estão estudando pilhas de cópias de documentos. Sim, pilhas de documentos que provam muito do que está ainda escondido. Senhores, sejam bem vindos ao hospício.