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quinta-feira, 28 março, 2024

Delegado jundiaiense investiga super fraude de remédios

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Golpes, se não tivessem sido descobertos, poderiam ter dado prejuízo de 40 milhões de reais ao Estado

Há um procedimento até meio rotineiro em todo o país – o sujeito doente precisa de um remédio caro, que não pode comprar, e aciona a Justiça, que obriga o Estado ou a Prefeitura fornecer tal remédio. É um ato justo, não fosse a entrada de alguns espertinhos para aproveitar o procedimento e ganhar muito dinheiro.
Até agora essa história já deu prejuízo de quase dez milhões de reais. O delegado Fernando Bardi, da Divisão de Investigações de Crimes contra a Administração, é o responsável por investigar os golpistas. Para funcionar, o golpe tinha um médico que assinava laudos e um laboratório americano, cujo representante cuidava de tudo.
O laboratório é o Aegerion Pharmaceuticals; o remédio é o Juxtapid (lomitapida), que não existe no Brasil. Ele é indicado para tratamento de uma doença raríssima, a hipercolesterolemia familiar homozigótica, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) atinge uma em cada milhão de pessoas. O médico apontado como responsável pelos laudos é o cardiologista José Eduardo Guimarães, que conseguiu a proeza de ter 19 pacientes com essa doença em São José dos Campos, cidade de 680 mil habitantes.
Os pacientes com colesterol alto eram chamados ao consultório do cardiologista e apresentados ao representante do laboratório, que oferecia o remédio de graça. Todo mundo gostava, mas ninguém sabia que estava processando o Estado. O cardiologista é só um dos médicos envolvidos.
“Os médicos assinaram laudos falsos e a empresa encontrou uma forma de obrigar o Estado a importar um medicamento antes dele ser aprovado no Brasil”, diz o delegado Fernando Bardi. Qualquer droga só pode ser vendida no país ou propagandeada pelos laboratórios nos consultórios depois de aprovada pela Anvisa.
Nessa história há ainda uma associação, a Andora (Associação Nacional de Doenças Raras e Crônicas), com sede em Curitiba. Partia da Andora o telefonema avisando que o remédio havia chegado e que estava disponível em determinado posto de saúde.
O custo do Juxtapid é de assustar: mil dólares cada cápsula. Como paciente assim precisa de uma cápsula por dia, o governo estaria gastando 360 mil dólares (mais de um milhão de reais) com cada paciente por ano. E quem foi usado para processar o Estado também teve outros problemas. “Houve casos de náuseas, dores de cabeça e problemas hepáticos, e um dos pacientes sofreu paralisia temporária de um dos braços”, conta o delegado Fernando Bardi.
Como de praxe, todo mundo nega que tenha agido de má fé. O laboratório não afirma absolutamente nada; o cardiologista continua jurando que esse povo precisava tomar o remédio pois havia risco de morrer; o representante do laboratório conta uma historinha que não convence ninguém. E essa tal de Andora afirma ter feito tudo direitinho. E o delegado Bardi vai tocando o inquérito que pode mandar mais gente ainda para a cadeia.

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