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sexta-feira, 19 abril, 2024

Editorial: A idéia da separação

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Depois que os ingleses saíram da União Européia, os movimentos separatistas no Brasil ganharam algum fôlego (veja matéria nesta edição). É uma discussão que não está levando a nada, e onde todo mundo tem razão – a velha história de se falar muito e se fazer pouco. Pensando bem, dividir o país até que seria bom.
O princípio é simples – o Brasil é grande demais. É como o sujeito que tem uma chácara de mil metros e consegue cuidar bem dela. O que tem uma chácara de 20 mil metros não dá conta – quando terminar de cortar a grama dos fundos, a parte da frente já estará uma floresta. Quanto maior, mais difícil de cuidar.
Paulistas reclamam, e com razão, que pagam muitos impostos e pouco têm de volta, uma vez que o governo federal aplica o dinheiro em outras regiões. Outros estados se justificam, alegando que no passado não tiveram as mesmas chances que São Paulo, como a imigração europeia e asiática, a industrialização e o ciclo do café.
O contra argumento é simples. O Amazonas teve o ciclo da borracha e torrou sua riqueza para construir um teatro e tanto no meio do mato. Pura ostentação. O Nordeste tive o ciclo da cana de açúcar e não aproveitou, assim como a Bahia teve dias melhores com o cacau. O Rio de Janeiro foi capital do Império e da República, e em vez de aproveitar, produziu um bando de funcionários públicos e burocratas.
O Centro Oeste também não pode reclamar nos dias de hoje – tem grande produção de gado e de grãos. Mas está aproveitando a riqueza para se desenvolver ou está enriquecendo apenas as pessoas? Mas, calma. A idéia de separação é só uma idéia, e não vai acontecer tão já. Mas um dia vai acontecer.
E as razões serão muitas. A começar pelo sistema de impostos, injusto ao extremo, que pune os estados que produzem em benefício dos que nada fazem. Passa pelo sistema político, que dá a estados improdutivos o mesmo peso de representação. Exemplo? Sergipe, que não tem nada a não ser praias bonitas, tem três senadores. Igual a São Paulo, também com três senadores.
Câmaras municipais que pagam bem seus vereadores não são uma afronta ao eleitor em cidades consideradas ricas – e quase todas estão em São Paulo. Mas é um escárnio em regiões pobres e atrasadas, e isso é mais que comum nos estados nordestinos. Conclusão: se não houver reformas profundas, dando mais autonomia aos estados, teremos sim separações.
Um velho professor fez dia desses uma espécie de desafio: trazer os refugiados da Síria para alguma região brasileira abandonada, no meio do sertão. Previu que em dez ou vinte anos essa região seria transformada em uma das mais desenvolvidas. O porquê é óbvio – os sírios trabalham. Já nós, brasileiros, somos mais chegados à sombra e à água fresca. Preguiçosos até para se separar.

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