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quinta-feira, 28 março, 2024

Livro conta como os EUA usaram o cinema como arma de guerra

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O destaque é para os cinco principais diretores da época, que foram para a frente de batalha fazer seus filmes

Às vezes, as melhores histórias de Hollywood são sobre Hollywood. O livro Cinco voltaram, do escritor Mark Harris, conta um bom episódio sobre a história dos filmes. Imediatamente após os Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial, em 1941, atores, diretores e produtores tornaram-se voluntários da causa. A lista de chamada incluía cinco dos mais prestigiados cineastas da época: John Ford, William Wyler, Frank Capra, John Huston e George Stevens.
Harris narra como esses diretores contribuíram para o que se tornaria uma campanha maciça de propaganda de guerra. Apoiados em seu talento, o grupo de patriotas correu sérios riscos de vida para documentar os acontecimentos da guerra, conseguir apoio e fortalecer a moral das tropas nas trincheiras e dos cidadãos em casa.
A forma mais óbvia de contar essa história seria dividir o livro em cinco capítulos e examinar o trabalho de cada diretor separadamente. Mas Harris consegue contar a saga em ordem cronológica ao mesmo tempo que desenha paralelos e contrastes entre as experiências de seus personagens, entrelaçando suas jornadas numa trama bem amarrada.
“Eu enxerguei tudo isso como uma única história, afirma o autor. Esses homens eram amigos, colegas, competidores. Eles entraram e saíram da vida uns dos outros durante a guerra. Eu queria que os leitores entendessem o que eles passaram nessa experiência”. Mesmo que o final seja conhecido – os Estados Unidos ajudaram a vencer a guerra e os diretores voltaram para casa salvos – a narrativa mantém seu suspense. São as decisões que eles tomam no campo de batalha que deixam o leitor com a sensação de caminhar num campo minado.
Apesar dos sacrifícios financeiros consideráveis que fizeram ao se alistar (eles perderiam oportunidades de negócios lucrativos enquanto estivessem fora), o grupo se adequou bem ao clima hostil da guerra. Todos foram bem recebidos pelos militares, especialmente Capra, o mais admirado diretor pré-guerra, cuja tarefa era filmar a série Why we fight (Por que lutamos?, em tradução livre). Contudo, eles descobriram rapidamente que trabalhar sob o comando de militares burocratas poderia ser tão difícil quanto fazer filmes para magnatas do cinema em Hollywood.
Por preocupações estéticas dos estúdios, o documentário The battle of San Pietro (Batalha de San Pietro, na tradução para o português), de Huston, foi totalmente reencenado semanas após o verdadeiro evento e Memphis Belle: A story of a flying fortress (Memphis Belle: a história de uma fortaleza voadora), de Wyler, teve sua trilha sonora recriada nos estúdios de Hollywood. “Ter de recriar as cenas era frustrante para os cineastas”, afirma Harris. “O Exército, por sua vez, não tinha percebido que colocar esses diretores em situações de combate geraria muitas complicações para as filmagens”.
Como os melhores filmes sobre guerra, o livro destaca nomes de peso em uma trama com a qual é possível se identificar e explora problemas profundos: o custo humano do serviço militar, o poder hipnótico do cinema e a tensão entre a integridade artística e as exigências da guerra. Em Cinco voltaram, Harris mostra como a Segunda Guerra Mundial mudou o modo como os americanos faziam filmes.

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