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quinta-feira, 28 março, 2024

O governador separatista

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Colecionador de processos envolvendo o erário – ele já mandou até na Embratur – o governador João Doria ressuscitou na semana passada o discurso separatista. Afirmou que São Paulo cresceria mais caso outros estados acompanhassem o mesmo ritmo econômico. Defendeu claramente a oposição de Sul e Sudeste ao restante do país.

É um discurso separatista. Mas o fato de São Paulo estar muito mais adiantado tem uma raiz histórica. Foi o estado que mais recebeu imigrantes e migrantes. Os imigrantes eram empreendedores – fundaram fábricas, estimularam o comércio e prosperaram. Os migrantes construíram tudo o que os imigrantes pensaram. Ou sonharam.

No Sul, o discurso separatista é mais enfático e mais presente. Gaúchos, principalmente, se sentiriam melhores sem nordestinos. É a cultura deles. Também não é segredo que os paulistas carregam o resto do país. E há porquês – o resto do país, notadamente os estados do Norte e Nordeste, tem no comando verdadeiros coronéis, que perpetuam o atraso. Quando acenam com alguma modernidade é porque serão beneficiados.

Exemplo claro está no Nordeste. Nos anos 1980 e 1990 eram comuns as frentes de trabalho, criadas para dar algum serviço aos nordestinos. A moda era construir açudes, uma vez que água por lá é artigo um tanto raro. Empregava-se então centenas de trabalhadores nas tais frentes de trabalho. E aí se construiam açudes, na base da enxada, nas terras dos coronéis, muitos deputados ou senadores.

Pronto e cheio o açude, o dono da terra tinha outra moeda para troca – a água. Houve – e ainda há – diversas tentativas de desenvolver o Norte e o Nordeste. Tarefa impossível enquanto a família Sarney mandar no Maranhão. Ou enquanto os Collor de Mello mandarem em Alagoas. Os os Barbalho mandarem no Pará.

A Zona Franca de Manaus, por exemplo, foi criada na marra, quando os militares tinham o poder. Se dependesse do Congresso, estaria sendo negociada até hoje. O incentivo fiscal também levou muitas indústrias para o Nordeste. Só que, malandramente, essas indústrias ficaram em determinados estados enquanto durou o incentivo. Quando acabou, mudaram-se para estados vizinhos. Mudança orquestrada pelos coronéis que agem como Lampião.

O governador – voltando ao assunto – perdeu uma boa oportunidade de fechar a boca. Como já esteve na Embratur, deveria saber que o Nordeste, principalmente, é a maior atração turística do Brasil. E turismo é uma fonte infindável de renda, de desenvolvimento. Politicamente se queimou, se é que ainda tem pretensão de um dia presidir a República.

Ainda politicamente, João Doria deu um passo errado. Muita coisa que pode vir para São Paulo depende do Congresso. E a maioria do Congresso é formada por nordestinos. Se o sistema é injusto é outra história. E ninguém considera justo um estado miserável como o Maranhão ou o Piauí ter o mesmo número de senadores como São Paulo. Não será Doria quem vai consertar essa injustiça.

Almofadinha de carteirinha, bem engomadinho, Doria tem se mostrado um tratante. Uma, que não cumpriu seu mandato como prefeito da Capital. Abandonou-o pela metade. Traiu velhos companheiros de partido. E assim, de traição em traição, vai levando sua carreira política. Que todos torcem para que seja breve.

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