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sexta-feira, 29 março, 2024

O poder da ignorância

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Nos últimos dias o que se ouviu foram os gritos de socorro à Amazônia. Talvez justos, mas certamente exagerados. Faltou à Folha de São Paulo afirmar que quem colocou fogo no mato foi Bolsonaro. Alguns artistas, conhecidos em todo o mundo, aproveitaram para fazer alusões ao fogo amazônico. Vamos ao que interessa.

As queimadas acontecem todos os anos, com, sem ou apesar de Bolsonaro. Há os incêndios espontâneos (que acontecem também na África) devido ao calor; e há os que são provocados pela mão do homem. Mão criminosa, diga-se de passagem. Fatores climáticos facilitam a propagação do fogo, como temperatura, vento etc.

Gente metida a entender de Amazônia postou fotos em redes sociais que retratam o ridículo. Como girafas e leões fugindo do fogo. Se fossem posts de humor, vai lá. Mas não. Quem os colocou tem plena convicção que é assim mesmo. Que a onça-pintada fugiu para algum lugar, e que as florestas brasileiras agora estão infestadas de leões, girafas, rinocerontes e até cangurus. Cenas possíveis só se houver incêndio em zoológico.

O que mostra que a ignorância não é um privilégio do Brasil. O caso do presidente francês Emmanuel Macron é um caso que, além de ignorância, transparece mentira e arrogância. Explicando melhor: Macron acredita que após as queimadas lavradores e empresas passarão a produzir alimentos nessas terras. É o chamado agronegócio. Uma crença aceitável.

A França é o país que dá o maior subsídio a agricultores – uma teoria socialista, a de tirar de quem tem e dar a quem não tem. Ou não quer trabalhar para ter. Então Macron ataca, critica e ameaça porque se houver mais oferta de alimentos no mundo, os franceses vão passar fome. Bem fez um dos problemáticos filhos de Bolsonaro de chamar Macron de mau caráter. Acertou na mosca.

A Noruega, que também faz ameaças, tem empresas que exploram minério na Amazônia. Empresas que de quebra poluem demais o ar e os rios. A Alemanha, outro país chegado a dar lição de moral, esquece de seu passado de guerras e genocídio.

Queimadas são proibidas, mas acontecem. Jogo do bicho também é proibido, mas corre três o quatro vezes por dia. Só há uma maneira de conter as queimadas – mudar o clima. Ou tirar todo o mato do chão. Aí não haveria o que queimar.

Tudo bem que Bolsonaro não é nada diplomático quando enfrenta Macron ou Angela Merkel. Tudo bem que seus filhos têm a sutileza de um rinoceronte. Mas, no fundo, falam o que a maioria gostaria de poder falar.

E tais episódios mostram o quanto os estrangeiros sabem sobre o Brasil. Na década de 1950, falava-se na Europa que por aqui os macacos e cobras andavam no meio da rua. Que havia tribos de índios ocupando as cidades. Mas naquela década não havia tanta informação. Não havia Internet. Mas hoje é inadmissível que haja gente preocupada com as girafas e leões fugindo do fogo do inferno amazônico. A ignorância venceu.

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