O adolescente negro que relatou ter sofrido preconceito por parte de moradores e de um vereador enquanto fazia fotografias pelas ruas do bairro Eloy Chaves, em Jundiaí (SP), foi ouvido pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (15), acompanhado do pai.
Na segunda-feira (14), outras duas pessoas já haviam prestado depoimento: o homem apontado como administrador dos grupos no WhatsApp e no Facebook, onde mensagens foram postadas pedindo para que quem encontrasse o jovem chamasse a polícia, e a moradora que teria divulgado imagens do rapaz tiradas da câmera de segurança da casa dela.
Enquanto o primeiro alegou não ter nenhuma relação com os grupos, a segunda explicou que a medida foi tomada pensando nos casos de violência no bairro e que não houve preconceito. O caso foi registrado pela polícia como injúria e preconceito racial.
Segundo Gabriel Souza, que tem 17 anos e é funcionário de uma borracharia da cidade, o caso aconteceu quando, durante o horário de almoço, no dia 30 de setembro, ele saiu para fotografar alguns pontos do bairro com uma câmera.
O jovem de Cabreúva (SP) conta que gosta de fotografar e que tenta conciliar o hobby com o trabalho de borracheiro com o pai no bairro Eloy Chaves, em Jundiaí.
Depois desse dia, fotos e áudios foram divulgados em grupos de moradores no WhatsApp e no Facebook alertando sobre a presença do rapaz e aconselhando que, se o vissem, acionassem a Guarda Civil Municipal.
O vereador Antônio Carlos Albino (PSB), que também compartilhou a mensagem, será ouvido na quarta-feira (16). O vereador disse à reportagem que não houve preconceito e que tudo foi um mal-entendido.
Um áudio atribuído ao vereador Antônio Carlos Albino, que também é integrante do grupo de moradores, reforçava o pedido de alerta.
Gabriel conta que só entendeu o que estava acontecendo quando um cliente e morador de um condomínio próximo mostrou a ele as fotos e áudios que estavam circulando na internet. “Fiquei assustado e desesperado ao ver a quantidade de fotos minhas sendo compartilhadas nas redes sociais.”