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quarta-feira, 24 abril, 2024

Ex-coroinha acusa padre de estuprá-lo: “Dizia que Deus concordava”

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Um jovem de 22 anos relata ter sido estuprado por um padre da igreja que frequentava quando era adolescente em Guarujá, no litoral de São Paulo. Em entrevista nesta terça-feira (15), o estudante Lucas Grudzien afirmou que os abusos sexuais ocorreram quando ele tinha apenas 15 anos e se estenderam por mais de um ano. A defesa do padre nega as acusações e a Diocese destaca que o inquérito policial instaurado pelo Ministério Público foi arquivado.

Estudante de engenharia, ele, que sonhava em ser padre, conta que a família é católica e que frequentava a igreja desde pequeno. “Fui batizado ainda bebê, com nove anos fiz a primeira comunhão e aos 12 anos comecei a fazer o curso para ser coroinha. Essa foi a época em que o padre Felipe se formou e passou a atuar na paróquia que eu frequentava, a Paróquia Senhor Bom Jesus”, diz.

Em maio de 2012, Lucas relata que o padre foi até a casa dele e o chamou para trabalhar com ele na secretaria da paróquia. Os pais, que confiavam no religioso, autorizaram o filho a exercer a função e, em maio, ele passou a trabalhar organizando a documentação da igreja, e, segundo ele, passando mais tempo próximo do Padre Edson Felipe Monteiro Gonzalez.

Lucas afirma que, ao completar 15 anos, o padre pediu para ele trabalhar até mais tarde durante a semana. Segundo o jovem, mesmo afirmando ter que ir para escola, o religioso pediu autorização para a mãe dele, para que o deixasse ficar um pouco mais pelo menos naquele dia.

“Ele me chamou para assistir um filme com ele. Eu fui. Ele pediu para eu me sentar ao lado dele, momento que colocou a minha cabeça no colo dele e começou a passar a mão pelo meu corpo, acariciando. Fiquei muito assustado, não sabia o que fazer”.

De acordo com o estudante, após esse dia, a situação passou a se repetir e o padre chegou a estuprá-lo diversas vezes, de agosto de 2012, até dezembro de 2013. “Eu estava muito perdido, eu vinha para casa e quando tomava banho, via que minha cueca estava suja de sangue. Queria poder apagar tudo isso. Me sentia um lixo. É horrível”, desabafa.

Durante esse tempo, o jovem afirma que passou a tirar notas baixas, ficar agressivo e depressivo, mas tinha receio de contar o que acontecia. “Sempre que acabava o ato ele dizia que Deus sabia o que estava acontecendo e que concordava. Ele também falava que ninguém podia saber disso. Cheguei a tentar me matar”, destaca.

A descoberta da família de Lucas veio quando o pai, sem querer, acabou lendo uma das conversas que o jovem tinha com o padre. De acordo com Lucas, como os pais sempre foram muito religiosos, foi muito “dolorido” saber da situação e todos da igreja ficaram contra sua família.

“Um inquérito criminal foi arquivado, porque pela idade não considera-se mais estupro de vulnerável. Em 2014, em conversa com o então vigário, ele disse para os meus pais tomarem cuidado, se não eu seria conhecido como ‘comida de padre’. Mas as advogadas estão entrando com mais uma ação cível de reparação contra a igreja”.

O que diz a diocese:

Em nota, a Diocese de Santos, responsável pela administração da Paróquia Senhor Bom Jesus, afirma que, sobre a denúncia contra o padre Edson Felipe Monteiro Gonzalez, o Bispo Diocesano de Santos, D. Tarcísio Scaramussa, ao saber do ocorrido, iniciou, imediatamente, a investigação prévia, em 2 de outubro de 2016, de acordo com as normas canônicas, e decretou o afastamento cautelar do padre do exercício do ministério sacerdotal. Toda a documentação relativa à investigação prévia foi enviada à Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, no dia 01 de novembro de 2016.

A Congregação para a Doutrina da Fé decidiu dar sequência, com um processo penal administrativo, e encarregou ao Bispo Diocesano o ofício de instaurá-lo, conforme as normas do Direito canônico. A conclusão do Processo Administrativo resultou na Penalidade Canônica de afastamento do Exercício Público do Ministério Sagrado por 5 anos, quando, então, a Congregação para a Doutrina da Fé decidirá sobre os encaminhamentos seguintes e qual será a decisão final.

A Diocese destaca que o inquérito policial instaurado pelo Ministério Público foi arquivado, sem oferecimento de denúncia. Afirma também que durante todo o tempo, desde a investigação prévia, o Bispo Diocesano esteve à disposição da família e de suas advogadas para esclarecer quaisquer eventuais dúvidas.

Defesa do padre:

O advogado Ricardo de Souza, responsável pela defesa do Padre Felipe na época das acusações, afirma que foram reunidos elementos e depoimentos que demonstravam que nada ilícito havia sido cometido.

De acordo com a defesa, na época da investigação, foi realizada também busca e apreensão na casa do padre, assim como em seu computador e tablet, e nada foi encontrado.

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