O mercado de trabalho enfrenta muitos problemas quando o assunto é saúde mental de seus funcionários. Segundo pesquisa da Mind Share Partners, Qualtrics and SAP, 50% dos “millennials” (nascidos entre 1981 e 1995) e 75% de membros da chamada “Gen Z” (nascidos entre 1996 e 2010) já deixaram empregos por questões psicológicas, como depressão e burnout.
A pesquisa também constata que doenças psicológicas são mais comuns entre jovens: essas doenças são três vezes mais prováveis de atingir nascidos depois de 1980 do que o resto da população.
A psicóloga americana e autora de iGen, Jean Twenge, afirma que a relação deste surto com a chegada dos smartphones e redes sociais é inegável.
“O padrão se alinha precisamente com quando a maioria dos americanos virou dona de um smartphone, entre 2012 e 2013,” disse Twenge. “Menos tempo dormindo e menos interações cara-a-cara não são uma fórmula para melhorar a saúde mental.”
Peter Gray, professor de Boston College, afirma que o problema está em como os jovens de hoje foram criados. “Desde os meados dos anos 50, quando começamos a tirar o tempo livre das crianças, as pessoas desaprenderam a controlar suas próprias vidas,” disse. Gray defende a tese de que o excesso de escola tirou a “matriz de controle” das crianças.
Algumas empresas buscam mudar esse cenário. Chuck Robbins, CEO da Cisco, por exemplo, decidiu abrir o jogo da saúde mental com seus funcionários. Ano passado, enviou um e-mail para toda a empresa após os suicídios de Anthony Bourdain e Kate Spade para falar um pouco sobre doenças psicológicas e tentar diminuir o estigma delas.
O resultado foi surpreendente. “Foi uma conversa que nossos funcionários queriam ter,” disse Fran Katsoudas, CPO da Cisco.
A Cisco adicionou tratamentos de saúde mental à cobertura de seus planos de saúde. Atualmente, a empresa afirma que cerca de 7% de seus 75 mil funcionários nos Estados Unidos passam por algum tipo de tratamento psicológico ou reabilitação.
“Além de todos os serviços que ajudam, estamos vendo como podemos reduzir o estresse no nosso sistema e como garantir que pessoas não cheguem a um lugar onde ficam esgotadas profissionalmente,” completou Katsoudas.