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sexta-feira, 29 março, 2024

A guerra nem tanto silenciosa

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O governo e o Congresso estão em guerra declarada. Não há mais como esconder que deputados e senadores – e nem todos – querem mandar. O governo reage como pode. Endureceu o jogo, nomeando um general para a Casa Civil. O Congresso faz ameaças. Faz afrontas e não esconde que está incomodado com os rumos que o governo está tomando.

Deputados e senadores estavam acostumados a intimidar presidentes. Exigiam cargos e verbas para suas obras em troca de votos. Desde o ano passado encontraram um presidente que não quer saber de muita conversa. Sem conversa, não há negociação. Sem negociação, não há chantagem. E sem chantagem, não há dinheiro.

Na semana passada, o ministro Augusto Heleno, que é general, escancarou essa guerra. Disse claramente que o governo é chantageado por deputados e senadores. Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, já havia dado claros sinais de encrenca – propôs que os ministros do Supremo Tribunal Federal fossem nomeados pelo Congresso, e não pelo presidente.

O Congresso já havia feito outras ameaças. Nada sutis. A Medida Provisória que criou a carteira de estudante digital venceu sem ser votada. Os deputados cederam à pressão do PCdo B, que controla a UNE (União Nacional dos Estudantes). E agora a carteira de estudante volta a ser emitida pela UNE, que vai cobrar por isso.

Vez ou outra já tem gente falando em impeachment de Bolsonaro. E ameaçar com impeachment é chantagem. Na melhor das hipóteses. Na pior, é terrorismo. Há de se entender que deputados e senadores estavam acostumados a esse tipo de coisa. Lula só não era refém do Congresso porque comprou deputados e senadores. Dilma seguiu o mesmo caminho. E Temer era mais que escolado nessa prática. O dando que se recebe.

Bolsonaro tomou outra postura e colocou deputados e senadores em seus devidos lugares. Eles não gostaram. Por trás dessa guerra há muitos interesses. Deputados envolvidos em falcatruas precisam – e contam – com proteção dos ministros do STF. Precisam também da complacência da Polícia Federal em investigações para que não sejam mandados para a cadeia.

Precisam que os ministérios liberem verbas para obras em seus estados, onde certamente há algum empreiteiro (leia-se doador de campanha) preparando o edital para uma concorrência pública viciada e dirigida. É assim que funciona. Ou funcionava.

Alguns estão incomodados com o ministro da Justiça Sérgio Moro. Outros o enxergam como possível candidato à Presidência daqui a alguns anos. Algo que atrapalharia muitos interesses. Deputados e senadores instigam jornalistas a ouvirem o ex-presidente Lula. E Lula não perde uma chance de atacar Moro e Bolsonaro.

Nem se lembram que Lula é condenado pela Justiça em segunda instância – e portanto deveria estar preso. Preso e sem direito a entrevistas e outros agrados. Dão espaço a José Dirceu, condenado no Mensalão e no Petrolão. Dizem que Bolsonaro quer implantar uma ditadura. Talvez devesse. Talvez devesse também diminuir o tamanho do Senado e da Câmara.

Mas isso, segundo essa gente nascida no estrume, é contra a democracia. Para eles, democracia é um regime de igualdade, onde todos eles (deputados e senadores) possam roubar sem serem incomodados. Não é bem isso que pensam Bolsonaro, Augusto Heleno e Sérgio Moro. Para eles, como para toda a sociedade, lugar de ladrão é na cadeia. Mas somos nós que perdemos nessa guerra.

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